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domingo, 24 de março de 2013

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO UM ESTUDO DE CASO


ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO
UM ESTUDO DE CASO
TEREZINHA DE FÁTIMA VIOTTO FERNANDES

Resumo

O presente trabalho tem o intuito de apresentar a elaboração de um plano de Atendimento Educacional Especializado para uma aluna, de sete anos de idade, matriculada no primeiro ano do ensino fundamental de uma escola regular da rede pública, com Síndrome de Down.  Para o estudo de caso real foram levantadas as características de comportamento no contexto escolar da aluna, a finalidade da observar, levantar e elaborar a clarificação e solução problema. Tendo com base o perfil da aluna e a leitura de teorias sobre a educação numa perspectiva inclusiva foi elaborado o plano de atendimento educacional especializado no qual define os objetivos específicos, período e quantidade de atendimentos, recursos pedagógicos, profissionais envolvidos direta ou indiretamente com a aluna. Espera-se que o sucesso seja motivador e estimulante para futuros casos.



Palavras-chave: (1) Atendimento Educacional Especializado; (2) Educação Especial; (3) Escola comum

1.   Introdução

Durante muito tempo não ouvíamos ou mesmo percebíamos a existência de crianças especiais, pois de alguma maneira viviam segregadas em escolas de Educação Especial. Não podemos deixar de mencionar que em tais instituições especiais recebiam atendimentos importantes para os desenvolvimentos das condições favoráveis a formação do educando.
Hoje vivemos outra realidade, a educação inclusiva, e este será o principal argumento deste texto. Começaremos com uma contextualização acerca do tema aqui mencionado. A inclusão rompe com barreiras que ao longo dos anos sustentaram uma educação excludente. Negando o direito dos alunos a construírem sua identidade. Identidade aqui entendida como direito à diferença. 
A diferença (vem) do múltiplo e não do diverso... A diversidade é estática, é um estado, é estéril. A multiplicidade é ativa, é fluxo, é produtiva. A multiplicidade é uma máquina de produzir diferenças – diferenças que são irredutíveis à identidade. A diversidade limita-se ao existente. A multiplicidade estende e multiplica, prolifera, dissemina... A diversidade reafirma o idêntico. A multiplicidade estimula a diferença que se recusa a se fundir com o idêntico (SILVA,2000, p.100-101).
Diante disso é que podemos assegurar as diferenças como resultantes da multiplicidade. Como afirma Ropoli et al,2010, “É por meio da representação que a diferença e a identidade passam a existir..., ao representar o poder de definir identidades, currículos e práticas escolares”. Na concepção de que todos têm o direito de receber a educação de qualidade, e como forma de impulsionar mudanças sociais, políticas e culturais é que será a proposta desse trabalho. Uma vez que vivemos de forma direta essas mudanças na atual proposta inclusiva. Acreditamos que um grande avanço em relação à inclusão ainda está por vir e um longo caminho que deve ser construído.
Embora, este trabalho vem tratar da inclusão escolar é necessário deixar claro que, a priori, é de dar ênfase como proposta de clarificar ações envolvidas nos atendimentos educacionais especializados, será apresentado um estudo de caso no qual será abordado as definições sobre a Sala de Recursos Multifuncionais e o Atendimento Educacional Especializado – AEE sob a Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008).
Partindo desses princípios, e tendo como cenário ético dos Direitos Humanos para garantir o acesso e a participação a que dela necessite para a construção de sua identidade.
“A identidade pessoal e social é essencial para o desenvolvimento de todo o indivíduo, enquanto ser humano e enquanto cidadão” (Brasil, 2007). Assim, será construída uma relação entre o indivíduo com bases nas atitudes de respeito mútuo, valorizar cada pessoa independente de suas potencialidades e características que a constituem.
A questão legal para a inclusão escolar vem sob a garantia da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), Declarações de Jomtien (1990), Salamanca (1994), Convenção da Guatemala (1999). Além, das leis nacionais como a Constituição Federal (1988), Estatuto da Criança e do adolescente (1990), Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) e Decretos para tal finalidade, Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), Decreto Nº 6.571-17/09/2008 e Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica (2009).
Nova legislação em vigor, que propõe igualdade e atua na defesa dos ideais da inclusão numa Proposta Política Pedagógica no qual o curso promovido pela Universidade Federal do Ceará trouxe  para muitos novos paradigmas sobre a inclusão. Pois sabe que não se faz inclusão de um dia para outro. É preciso que os profissionais da educação assumam o seu papel de integrantes de uma nova escola onde todos são construtores de uma educação voltada para todos.
     Assim, esse trabalho é o resultado de um estudo caso de uma criança com Síndrome de Down, com alguns comprometimentos característicos da síndrome, aspectos cognitivos, motores e afetivos, que frequenta o primeiro anos do ensino fundamental, escola regular pública.
O trabalho está organizado em: Proposição de caso; O relato de um caso real da criança com Síndrome de Down; Apresentação da  Análise e Clarificação do Estudo de Caso e Proposição da Solução para o caso. Vale ressaltar que nos estudos verificou-se as limitações e potencialidades da criança que serviu para alcançar os objetivos propostas.
Como todo trabalho científico este por sua fez não poderia deixar de analisar e refletir sobre as ideias de alguns autores em fundamentar teoricamente o assunto no qual desenvolveu um estudo sobre a Escola Especial numa Perspectiva Inclusiva, o Atendimento Educacional Especializado – AEE - na escola regular em Recursos Multifuncionais.


2.   Proposição de um Caso


Relato de Estudo de Caso Real
Nome: Amanda[1]
Idade: 7 anos
Escolaridade: 1º ano – Ensino Fundamental – Ciclo I

Amanda é uma criança com Síndrome de Down, nasceu em 02/04/2004, parto cesárea, não engatinhou, firmou as pernas com 1 ano e andou com 20 meses de idade. Filha única. Realizou com cinco dias de idade o exame cariótipo de sangue periférico banda G; 47, XX : 21. Não foram observadas no padrão de 300 bandas aberrações estruturais.
A partir dos quatro meses a aluna frequentou a estimulação precoce na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE – matriculou na Escola de Educação Especial permaneceu até o ano de 2009. No ano seguinte transferiu-se para Escola de Ensino Regular - Infantil III.
Atualmente, está matriculada no 1º ano do Ensino Fundamental no período da manhã e frequenta a Sala de Recursos Multifuncionais em período contra turno duas vezes por semana com atendimento de noventa minutos. Também é beneficiada com atendimentos técnicos terapêuticos: Psicológico, Fonoaudiólogo, hidroterápico, e Terapia Ocupacional.
  A aluna gosta da escola, tem amigos, não tem preferências, pois é querida por todos. Gosta de brincar, cantar, dançar e participar de dramatizações, nas quais apresenta facilidades em executá-las.
Amanda é capaz de expressar suas necessidades, desejos e interesses de modo verbal apesar de apresentar uma fala deficitária; Presta atenção nas explicações da professora da classe e costuma pedir ajuda nas atividades que tem dificuldades. È uma criança carinhosa, meiga e gosta dos professores e funcionários.
A aluna aparenta satisfação nos atendimentos que dispõe no momento. A família concorda com os atendimentos, a única queixa apresentada pela família foi os horários agendados para o atendimento, pois a família mora na zona rural.
Amanda participa de todas as atividades e interage em todos os espaços da escola. Das atividades propostas para a turma participa parcialmente, atividades de educação física com um grau de complexidade, ou seja, pular obstáculos, pular corda, correr, ritmo individual e em grupo.   Suas dificuldades, decorrente da Síndrome, são de coordenação motora fina, por exemplo: grafar, pintar, recortar. Não encontra nenhumas barreiras arquitetônicas e sociais no ambiente escolar.
Os professores (da sala de aula) atuam sobre as perspectivas da aprendizagem em relação à alfabetização, pois é baixa em relação à sua formação escolar. Do ponto de vista social, afetivo, cognitivo, familiar a criança atende todos os objetivos mesmo com algumas dificuldades.
O professor da sala comum avalia o desempenho da aluna como bom e participativo. No entanto, a aluna tem dificuldades em registrar suas atividades e com isso a professora fica frustrada e em muitas vezes desanimada.    
A escola dispõe de recursos de acessibilidades tais como: materiais pedagógicos, informática entre outros. Os recursos utilizados foram avaliados pela professora AEE e atendem suas necessidades.
A expectativa da equipe escolar sobre o desenvolvimento da aluna é de que seja alfabetizado, ter autonomia, ser capaz de cuidar-se de si própria e prepará-la para a vida adulta. A família da aluna é composta por três pessoas (pai, mãe e a criança), a opinião desta sobre a vida escolar é otimista e participativa. Tem consciência dos direitos, de sua filha, a educação inclusiva que constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção dos direitos humanos e que garante à oferta da matrícula nas escolas públicas, escolas privadas sem fins lucrativos, matricula em classes comuns de ensino regular com atendimento educacional especializado, assegurando ainda, o direito à infra-estrutura das escolas quanto à acessibilidade arquitetônica e atendimento educacional especializado na sala de recursos multifuncionais ou equipamentos específicos. Reconhece as habilidades da filha, bem como suas dificuldades na vida pessoal e escolar e colaboram para que os objetivos sejam alcançados.
  

3.   Análise e Clarificação do Problema
    
  Diante do estudo de caso apresentado podemos levantar os seguintes Aspectos: afetivos, sociais, cognitivos, linguísticos, motor e familiar. Quanto aos aspectos afetivos, Amanda é uma criança calma, carinhosa, atenciosa, participativa e independente.  É curiosa, pois tem interesse em saber e descobrir sobre o mundo. Criatividade em brincadeiras com materiais diversificados tem ideias novas, mas não resolve problemas que necessitam de diferentes estratégias.
  No aspecto social, tem um bom relacionamento com a professora e com os colegas. Aceita bem as orientações da professora e convive bem com o grupo e os funcionários da escola.  Respeita as regras de convivência elaborada no combinado dos colegas e professora.
O aspecto cognitivo encontra-se em nível silábico com valor sonoro da escrita. Reconhece e grafa todas as letras do alfabeto. Realiza leitura de imagem e sequência de figuras sendo capaz de produzir textos oralmente. Tem dificuldades de articulação de fonemas, apresentado gagueira no falar.  Mesmo assim, relata acontecimentos de maneira compreensível. A maior dificuldade é o desenho, pois está na fase inicial do gorado. Seu raciocínio lógico-matemático é razoável, está no pré-operatório: não tem conservação, classificação e seriação. Reconhece e quantifica os numerais (1 a 9). Realiza adição simples e não efetua subtração.
No aspecto motor Amanda tem algumas dificuldades em desenvolver atividades que envolvem os grandes músculos, mas mesmo assim, realiza as atividades propostas como: explorar diferentes posturas, seguir ritmos, esquema corporal e contrair e relaxar o corpo. Apresentam dificuldades coordenação motora fina (uma característica da Síndrome), não realiza com precisão como: recortar, pinçar, traçar, pintar e etc.
A família está totalmente comprometida, participam das atividades escolares e lazeres da criança. A criança é bem estimulada em casa e fora dela pelos pais e avós. Um ponto positivo que ajudou na evolução da aprendizagem da Amanda.
Levando em conta os dados acima descritos concluímos que no caso em estudo há comprometimento em vários aspectos do desenvolvimento da criança, mesmo esta apresentando todos os comprometimentos e rodeadas de estímulos e apoio tanto da equipe escolar quanto familiar. Para que possamos desenvolver uma aprendizagem há muito que fazer no AEE. É importante considerar as limitações da criança em questão. No entanto, existem várias formas de estimular e alcançar os estágios mais progressivos de raciocínio e de desenvolvimento de uma criança com Síndrome de Down. Propor a criança atividades comuns de infância que poderão beneficiar o desenvolvimento motor e psicomotor como: jogos de imitação, pular corda, brincar em parques com balanços, escorregadores entre outros.
O foco para o desenvolvimento da aprendizagem mais significativa está na coordenação motora fina e global, na articulação dos fonemas (fala) que poderá vir atrapalhar a alfabetização da mesma. A orientação da AEE junto à professora tem seu valor, pois o objetivo deste é proporcionar condições favoráveis para que se cumpra uma educação para todos baseado na perspectiva da educação inclusiva.

  

4  Fundamentação Teórica


4.1 Educação Inclusiva


A educação inclusiva se fortalece a cada dia. Hoje temos a certeza de que mesmo na diferença somos iguais. Para Montoan (2010, p.13), “a inclusão se apoia na ideia de que somos iguais, porque diferimos uns dos outros e de que a diferença se diferencia infinitamente”. E essa diferença faz com que procuramos assegurar o direito à diferença na igualdade de direito à educação (MONTOAN, 2010, p.13).
Não se constrói uma educação inclusiva do dia pra noite. É preciso romper com paradigmas construídos ao longo de uma educação que antes era excludente. Muitos autores contribuíram para inovar o sentido de escola com a finalidade de moldar a educação para uma educação que contemplasse a todos. Como afirma (MONTOAN, 2010, p.13), “os caminhos percorridos pela educação brasileira para concretizar seu projeto inclusivo tem esbarrado em equívocos conceituais”.
Quando falamos em inovar uma educação não falamos apenas nas leis que regem nossa educação, mas falamos no sentido de formação de professores tanto de Educação Especial como de Ensino Regular. Se compararmos a educação inclusiva a construção de uma casa seria preciso começar pelo alicerce que sustenta a casa, ou seja, na inclusão nosso alicerce são as leis e diretrizes que ampara a educação inclusiva. A partir de agora conheceremos as leis e diretrizes que fundamentam a inclusão das pessoas com necessidades especiais.


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4.2  O Trabalho de Atendimento Educacional Especializado com alunos com Deficiência Intelectual.

Um longo caminho vem-se construindo para a inclusão dos alunos com deficiências em especial a Deficiência Intelectual (DI) no ensino regular. Nesse percurso, muitos obstáculos e desafios estão sendo conquistados.
Muitos professores não reconhecem as capacidades cognitivas dos alunos DI e consequentemente não valorizam o meio onde o aluno vive. É preciso pensar, “varrer” esta concepção desprovida de uma pedagogia de negação (Gomes, 2010, p.7), que não traz nenhum benefício de aprendizagem para os alunos, pois para tal pedagogia se prepara o desenvolvimento humano, o saber, o intelectual.
Tanto o professor de sala de ensino regular quanto o professor de Atendimento Educacional Especializado (AEE), ambos têm responsabilidades para que seja desenvolvido o intelectual e autonomia do seu aluno.
O professor deve saber que o desenvolvimento intelectual do aluno com deficiência deve ser visto como um ser que aprende dentro de suas limitações, deve estimular sua inteligência para que possa evoluir.
Vale ressaltar que estudos na abordagem clínica que questionou a decomposição a totalidade humana chegou à seguinte conclusão:
“Os dados obtidos em teste deixaram de ser considerado como medidas da inteligência. Passaram a ser vistos como medidas apenas de eficiência do sujeito e as alterações dessa eficiência encarada como sintomas de perturbações globais e não como indicadores de potencial intelectual deficiente”(Lopes adup Bock et al, 2008, p.185).
A autora ainda conclui que criança apresenta níveis baixos não implica pouca inteligência, pois nesta abordagem o indivíduo é visto na sua globalidade. Crianças com dificuldades em verbalizar, de representar problemas ou de aprender o que lhe ensinado deve ser compreendida como criança que vive conflitos relacionados ao seu desenvolvimento (Bock et al, 2008, p.183). Assim, cabe ao professor estimular as suas capacidades na sua globalidade.
O professor AEE desempenha seu papel com vista ao seu desenvolvimento intelectual e da autonomia do aluno e este é um dos objetivos da formação dos alunos em uma Escola Para Todos.
Ao aluno com DI o AEE é realizado essencialmente na Sala de Recursos Multifuncionais (S.R.M.), com o qual o professor AEE deve propor atividades que ajudem, estimulem o desenvolvimento intelectual na aprendizagem dos conteúdos, em situações vivenciais no qual possibilita o aluno a organizar seus pensamentos. Sendo assim, o AEE deve focar uma aprendizagem fundamentada em situações-problemas que estimulem seu raciocínio, para que este possa ser capaz de resolver as situações problemáticas.
Cabe ressaltar que o professor AEE precisa conhecer seu aluno, suas condições cognitivas. Ajudá-lo atuar dentro e fora do ambiente escolar, considerando as suas especificidades cognitivas. Uma vez que, seu papel de educar é levar um conhecimento que promova a autonomia intelectual.


4.3  AEE no Contexto da Política


A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, LDB 9394/96, descreve no Título III, Do Direito à Educação e do Dever de Educar, que assegura o atendimento educacional especializado ao educando com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino. Em seu Capítulo V - Da Educação Especial – “Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educando portadores de necessidades especiais[2].” “O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular[3].”
O AEE (Atendimento Educacional Especializado) ao educando com necessidade educacional especial, na atual Lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional, Lei nº. 9394/96, é visto sob uma perspectiva mais democrática e igualitária. O ambiente escolar não deve ser restrito, e sim, estar aberto para receber os alunos sem diferenciação ou distinção de condições linguísticas, sensoriais, cognitivas, físicas, emocionais, étnicas e socioeconômicas.
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) propõe a substituição de escolas especiais e classes especiais por ensino regular garantindo o direito de atendimento educacional especializado.
A implementação da escola inclusiva, segundo a Declaração de Salamanca (1994), perpassa pela superação de dificuldades e obstáculos que vai desde o aspecto físico da escola à conscientização e preparação dos professores e profissionais para receber os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação nas escolas regulares.
Neste cenário de ideias posta na Política Nacional de Educação Especial na perspectiva inclusiva garante, legalmente, uma educação de qualidades para todos numa abrangência de ação política, cultural social e pedagógica. Os avanços de conhecimentos e as lutas sociais que ocorrem todo o tempo são responsáveis por está conquista construída ao longo de nossa história.
A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva de Educação Inclusiva (2008) determina que a substituição do ensino regular descaracterize a inclusão e propõe a transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a educação superior. A formação de professores para Atendimento Educacional Especializado (AEE) e demais profissionais da educação, a participação da família e da comunidade, além da acessibilidade a toda estruturas físicas necessárias e a articulação entre os diversos setores na implementação das políticas públicas garantirá igualdade de condições de acessos e permanência na escola.
Com bases legais nas diretrizes da PNEE na perspectiva da educação inclusiva, a Resolução nº4, de 2 de outubro de 2009, institui diretrizes operacionais para ao AEE na educação básica (da educação infantil ao ensino médio), na modalidade Educação Especial. Esse documento define o condicionamento da matrícula do AEE no ensino regular; estabelece o público alvo a ser atendido e suas necessidades especiais; determina o trabalho do professor AEE em conjunto com o professor da sala comum; insere o AEE na proposta pedagógica da unidade escolar prevendo a organização desse serviço; estipula o provimento financeiro que mantém o aluno.
Desta forma é o conhecimento destes documentos, pelos profissionais da área que promoverá a implementação das diretrizes e ações da Educação Inclusiva. A garantia dos direitos adquiridos pelas pessoas com necessidades especiais se deve ao envolvimento consciente na ação política, pedagógica, social e cultural das partes envolvidas.


5.    Metodologia


Para o desenvolvimento deste trabalho, foi de muita valia o curso de formação para professores AEE, pois o acesso aos conhecimentos das novas literaturas apresentadas no curso de formação possibilitou ampliar os conhecimentos e buscar novos caminhos para a realização deste estudo de caso, com desejo de empregar a verdadeira inclusão.
O levantamento para o estudo de caso deu-se por entrevistas com professora, família e escola. Dentre os aspectos do desenvolvimento do comportamento da aluna o mais importante foi a inclusão no ensino regular, pois para a escola Amanda foi a primeira criança com Síndrome de Down matriculada na Educação Infantil, outros aspectos também foram relevantes como: cognitivo, lingüístico, motor e afetivo. Por isso, a entrevista teve sua importância para que pudesse identificar os limites e potencialidades; clarificar o problema e assim propor  soluções adequadas ao caso.
A aluna foi observada em vários ambientes escolares, na sala de aula, no intervalo para recreação, ambiente de informática, no refeitório e nas atividades de educação física. Vale ressaltar que à observação e entrevista foi de forma direta junto aos profissionais dos ambientes citados.
A família teve sua participação ativa tanto na entrevista quanto no processo de inclusão. Respondendo a todos os quesitos necessários para elaboração do plano AEE
A leitura dos dados das entrevistas, as queixas do professor da aluna sobre suas limitações no ambiente escolar, a avaliação do caso pelo professor AEE na sala de recursos multifuncionais acerca das funções dos aspectos motores, desenvolvimento da linguagem oral e escrita, raciocínio lógico-matemático, comportamento e interação da aluna e de posse de todas as informações sobre a aluna pode-se traças os objetivos e elaborar o plano.
A função do professor AEE é de propor atividades na qual permita eliminar barreiras na aprendizagem e construir condições propícias ao desenvolvimento da aprendizagem. A presença do professor AEE na sala de aula tem o objetivo de ouvir e orientar o professor acerca das dificuldades do aluno e de suprir os anseios do professor.
  

6. Plano de Atendimento Educacional Especializado

A. Dados de identificação.

Nome da aluna:
Amanda [4]
Idade: 7 anos – Série/Ano:  1º ano – Ensino fundamental
Professor- AEE: Fátima Fernandes[5].

B. Plano de AEE

1. Objetivos do plano:
·                    Dar oportunidade da participação plena da aluna nos ambientes da escola;
·                    Organizar a sala de aula quanto a estrutura da sala, agrupamentos, materiais e recursos utilizados pela professora para proporcionar a aprendizagem;
·                     Desenvolver a autonomia e autoestima do aluno e o respeito e compreensão às regras do grupo;
·                     Desenvolver habilidades de coordenação motora fina e de raciocínio lógico;
·                    Atividades para desenvolver e organizar o pensamento (propor situações problemas).
·                    Atividades para desenvolvimento das AVDs.

·                    Atividades para desenvolvimento sócio–afetivo.


2. Organização do atendimento:
·                    Período de atendimento: de fevereiro a julho de 2011.
·                    Frequência (número de vezes por semana para atendimento ao aluno): 2 vezes por semana – contra turno.
·                     Tempo de atendimento: 01 hora.

·                     Composição do atendimento: (x) individual ( ) coletivo.  


3. Atividades a serem desenvolvidas no atendimento ao aluno:

 O trabalho do professor AEE será de proporcionar uma aprendizagem de forma lúdica, sem assemelhar ao reforço. Para isso deverá fazer uso de:
·                    Jogos pedagógicos de alfabetização, dominó: de sílabas simples e complexas, lince das boquinhas, jogo da memória, jogos de histórias em sequências, misturinhas, jogo da forca e etc.
·                    Jogos de raciocínio lógico: dominó de adição, quantidades, material dourado, escala cousineire, ábaco e etc.
·                    TICs-computador: jogos de alfabetização e raciocínio lógico-matemático.
·                    Atividades de desenho, pintura com guache, giz de cera, alinhavo, massa de modela, punção, jogo de encaixe, pintar, amarrar, abotoar.
·                    Atenção e concentração: jogos educativos diversos, como quebra-cabeças; jogos de memória; Lego; figura-fundo; jogos no computador como “Coelho Sabido”, histórias com figuras.
·                    Atividade de oralidade para o desenvolvimento das relações sócio-afetivas: leitura, filmes, relato, levar recados para outras pessoas da comunidade escolar e pedir devolutiva explorando a oralidades.

4. Seleção de materiais a serem produzidos para o aluno.
·                     Produção de jogos de acordo com o tema trabalhado.

5. Adequações de materiais:
          Não há necessidade até o momento.

6. Seleção de materiais e equipamentos que necessitam ser adquiridos:
          Materiais selecionados fazem parte do acervo da escola.

7. Tipos de parcerias necessárias para aprimoramento do atendimento e da produção (aquisição) de materiais:
·                    Gestores, coordenador, professores, funcionários da unidade escolar. Pois a participação de todos os envolvidos no processo de inclusão é de suma importância uma vez que a educação é para todos.
·                     Terapeuta Ocupacional, Psicóloga e Fonoaudióloga. Tais profissionais de cada área citada deverão realizar intervenções necessárias, pois a aluna apresenta algumas dificuldades na coordenação motora global, articulação na linguagem oral ou seja, gagueira.

8. Profissionais da escola que receberão orientação do professor de AEE sobre serviços e recursos oferecidos ao aluno:
Os profissionais serão: Professor de sala de aula, Professor da Educação física, Colegas de turma, Diretor escolar, Equipe pedagógica, família e demais funcionários da escola.

9. Avaliação do Plano
O plano será avaliado no decorrer de toda a sua execução. A forma de atribuir os resultados conquistados pelo aluno será através de relatórios, cadernos e fichas de acompanhamento, no qual será relatado pelo professor do AEE. Nos registros serão constados todos os avanços do aluno no contexto escolar tanto no ensino regular como no AEE- Sala de Recursos Multifuncionais.

10. Reestruturação do Plano:
Será considerado a necessidade de reestruturação do plano caso necessite de implementar outros recursos devido insuficiência dos objetivos propostos e necessitar outras novas parcerias. 

7.   Considerações Finais

O objetivo pelo qual direcionou este estudo de caso da aluna com DI na escola comum na perspectiva das escolas inclusivas, à luz dos referenciais políticos e pedagógicos asseguram o direito a educação, a condições de igualdade, de participação e de aprendizagem.
É fato que a interação entre os pares, a família, os professores, os funcionários muito contribui para o sucesso de uma escola inclusiva e participativa. E devido a essa interação foi possível a progressão na aprendizagem da aluna. Pois os seus direitos, sua autonomia intelectual foram respeitados.

Referências.

BRASIL. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: UNESCO, 1994.
______  Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LDB 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
______ Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da educação especial. Politica nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília,DF, 2007.
______ SEE Ministério da Educação. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: a escola comum inclusiva/ ROPOLI, Edilene Aparecida ...et al- Brasília: [Fortaleza]: Universidade Federal do Ceará, 2010. V. 1. (Coleção A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar.
______ SEE Ministério da Educação. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: o atendimento educacional especializado para alunos com deficiência intelectual. GOMES, Adriana Leite Lima Verde...et al- Brasília: [Fortaleza]: Universidade Federal do Ceará, 2010. V. 2. (Coleção A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar.
______ SEE Ministério da Educação. Inclusão: Revista da Educação Especial/Secretaria de Educação Especial. v. 5, n. 1 (jan/jun) – Brasília: Secretaria de Educação Especial, 2010.
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologia: uma introdução ao estudo de psicologia – São Paulo: Saraiva, 2008.
SILVA, T.T. da. Org. Identidade e Diferenças. A perspectiva dos estudos Culturais. Petrópolis: Vozes, 2000.






[1] O nome foi substituído por nome fictício no intuito de preservar a privacidade do participante
[2] Artigo 58.
[3] Artigo 58 parágrafo 2º.
[4] O nome foi substituído por nome fictício no intuito de preservar a privacidade do participante.
[5] O nome foi substituído por nome fictício no intuito de preservar a privacidade do participante.